sexta-feira, novembro 04, 2011

Fundação Cultural ou "AFUNDAÇÃO" cultural?

Faz algum tempo que eu queria dissertar sobre a Fundação Cultural de São José dos Campos, mas nunca tive um espaço para escrever sobre isso, agora tenho um Blog e eu falo o que eu "querê" sobre o que eu "querê". E vocês irão entender o porquê de minha revolta. Meu pai tem um projeto pela LIF (lei de incentivo fiscal) que permite que ele procure parceiros (empresas) que possam repassar parte do imposto como recurso de patrocínio para que o trabalho possa ser realizado sem custos a quem ele se propuser a atender.

A Fundação Cultural é quem regula esse projeto (administrativamente) e determina quais comunidades (espaços e escolas) receberão a apresentação. Conste que o recurso já foi captado junto a uma empresa e TUDO que a FCCR tem que fazer é oferecer as apresentações aos espaços PÚBLICOS de ensino e cultura. Imaginem quão surpreso eu fiquei quando hoje, ao acordar para trabalhar, descobri que iríamos nos apresentar na UNIVAP.

Já não bastasse a INCOMPETÊNCIA de gestão dessa instituição que, em um prazo de OITO MESES não consegue dar conta de distribuir, de forma eficiente, 30 apresentações para o município e demorar cerca de 15 dias ALÉM DO PRAZO para repassar o dinheiro para os músicos, eles se reservam o direito de oferecer o trabalho para instituições PRIVADAS que podem PAGAR por isso. Eu não vou nem entrar no mérito político que transformou essa instituição em um reduto partidário, vou apenas me ater à proposta dela, que ao meu ver é ineficiente e MUITO.

Embora tenha uma história passada muito bonita de luta em prol de uma maior autonomia e graças a uma articulação da própria população por uma manifestação mais legítima e abrangente da cultura da região em seus mais diversos aspectos, parece que a instituição se engessou nesse mesmo modelo. Não se atualiza e nem tampouco se preocupa em entender e, principalmente, acompanhar a necessidade cultural.

Eu reconheço que existem muitas iniciativas, mesmo que desorganizadas e com planejamento e objetivo questionáveis, para que a Fundação ainda sobreviva, afinal é preciso prestar contas para justificar seu funcionamento e seus gastos. Vivo no meio cultural desde que nasci, tendo contato com TODO tipo de artista e o consenso é unânime - A FCCR não atende mais os interesses e necessidades culturais e sim os interesses políticos e partidários.

Esse foi apenas um desabafo de alguém que se revolta ao ver que a nossa cultura está cada vez mais falida e sem suporte. Que mesmo quando consegue outros meio de continuar sobrevivendo e se espalhando, ainda tem que esbarrar na burocracia e mentalidade provinciana de uma instituição que deveria oferecer meios e recursos para tal e não ATRAPALHAR. Não tenho o menor receio de dizer que, pra mim, a Fundação Cultural Cassiano Ricardo hoje em dia é um LIXO, e digo isso porque mesmo o lixo pode ser reciclado e é o que eu espero dela.

Momento "Merchan": O projeto em questão se chama "Músicas do Brasil" e é o resultado de uma vasta pesquisa musical feita por Marcus Pereira, publicitário que largou tudo para abrir um selo musical na década de 70. Sua intenção foi percorrer o Brasil gravando todo o tipo de manifestações musicais regionais e populares. FICA VENDO:



Ah...Esse vídeo e as informações que constam nele são referentes ao projeto do ano passado (2010), esse ano a FCCR CORTOU 20% da verba prevista no projeto e disponibilizada pela empresa parceira, o que IMPOSSIBILITOU uma nova gravação de CD com o novo músico integrante e reduziu o número de apresentações.

Um comentário:

  1. Da FCCR dá pra se falar muita coisa! Poucas seriam elogios, garanto.
    Pra mim o mais triste é o tamanho da máquina. A FCCR trabalha com um orçamento abaixo do que a cultura merece, mas, digamos, é um orçamento e tanto (cerca de 14 Milhões por ano), e esse dinheiro some no meio de tanto secretário, agente, guardinha, etc... artista mesmo a FCCR não passa a carteira. Se gasta muito com burocracia administrativa e pouco com a promoção da arte. O que acontece nas oficinas é um crime, não sei como a justiça do trabalho simplesmente não fecha a Fundação. Fora a dificuldade de eles entenderem a necessidade de haver um Fundo Municipal de Cultura. É tudo muito lento e gerido por pessoas desatualizadas e que nunca tiveram atuação no meio artístico. Vou parar por aqui, mas fica o desabafo.

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